Até que ponto os aplicativos de saúde resultam e facilitam a mudança de comportamento?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a American Heart Association estabeleceram metas de redução de 25% da taxa de mortalidade por doença cardiovascular (DCV) até 2025. Atingir este requisito com sucesso será um desafio e irá exigir abordagens e ferramentas que (1) tenham comprovado benefício clínico, (2) podem ser dimensionadas para atingir uma população global e (3) sejam acessíveis.

 

Deste modo, as tecnologias móveis fornecem potenciais plataformas para facilitar estas necessidades. A verdade é que os celulares já tiveram uma profunda influência em conectividade humana, comércio, media e finanças. Embora na saúde e cuidados este processo tecnológico tenha sido um pouco mais lento, o efeito potencial das ferramentas médicas digitais é igualmente grande.

 

Se estima que 4,3 bilhões $US já foram investidos em tecnologias digitais de saúde, suportando a criação de mais de 100.000 aplicativos iOS e Android relacionados à saúde. De acordo com a recente declaração científica da American Heart Association sobre o uso da saúde móvel para a prevenção de DCV, consta que muito poucas aplicações foram submetidas a um estudo rigoroso – raramente avaliavam a adesão a longo prazo do paciente, mudança de comportamento e custos ou benefícios nos resultados clínicos.

 

O Journal of the American Medical Association (JAMA) realizou o estudo Tobacco, Exercise and Diet Messages (TEXT ME) – um ensaio clínico randomizado que examina o efeito de um programa de suporte personalizado com foco no estilo de vida, fornecido por mensagens de texto (SMS). Os pesquisadores designaram aleatoriamente pacientes com doença cardíaca coronária para receber mensagens de texto que forneciam conselhos, motivação e informações sobre dieta, atividade física e cessamento do tabagismo.

 

Aos 6 meses, houve reduções clínicas estatisticamente significativas, porém modestas, nos níveis de colesterol de lipoproteína de baixa densidade, melhorias do índice de massa corporal, aumento da frequência de exercício e redução do tabagismo. A melhoria simultânea nestes múltiplos fatores de risco de DCV pode amplificar significativamente as consequências dos riscos desta doença.

 

Alguns ensaios clínicos demonstram que intervenções móveis de saúde, mesmo as mais simples, podem influenciar o comportamento dos pacientes e melhorar os perfis de risco a curto prazo.

 

No entanto, o estudo não avaliou “efeitos de dose” (o número aproximado de mensagens de texto que resultariam em melhores resultados) e foi apenas avaliado durante 6 meses, sendo a durabilidade do benefício observado desconhecida. Idealmente, os estudos de saúde móveis seriam realizados por tempo suficiente para examinar os efeitos diretos nos resultados clínicos. Na falta disso, seria útil verificar se as alterações nos perfis de risco de DCV foram mantidas por um período mais longo, como 1 a 2 anos.

 

Embora estes aplicativos de gerenciamento de doenças tenham tido algum sucesso inicial, estes ainda não alcançaram o seu potencial. Essa deficiência não se deve às tecnologias, que são bastante impressionantes, o problema são os incentivos e instituições do sistema de entrega no qual as tecnologias estão a ser introduzidas.

 

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Fontes: Zubin J. Eapen, MD, MHS; Eric D. Peterson, MD, MPH (2015) CanMobile Health Applications FacilitateMeaningful Behavior Change? Time for Answers. JAMA. Volume 314, Number 12

Escrito por:

Iron

A solução para o bem-estar corporativo.

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Categoria Saúde Corporativa